segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Tina Gatínea, HU, 11/08/17

Primeira atuação, no hospital, e eu não estava tão nervosa assim. O nervosismo e a ansiedade apareciam subitamente e logo sumiam porque, quando apareciam, eu logo pensava na formação, e ficava mentalizando que não teria nada demais, que iria surgir, iria brotar, iria ser espontâneo.  Falava pra mim: "não pensa, só faz!". Já vestidos, nos maquiamos, subimos a energia e o nariz  e, então, fomos. João Arraia, Michel Michelin e Tina Gatínea, naquele primeiro andar do HU... Eu via brilho no olhar, via curiosidade, via sorrisos bobos para coisas que, em situações normais e corriqueiras, não surtiriam as mesmas sensações que para aqueles que estão presos naquele hospital com suas situações, limitações e angústias. Primeiro leito, primeiro paciente que visitamos e lá estava, Dona Maria. Com uma perna a menos e com um olhar que denunciava dor, imagino que não a física mas a da alma que parece ter ido um pouco embora juntamente com aquele membro. Nossa presença a fez acordar. Ela nos observava com olhos marejados e acuados e nada falava, não respondia. De repente ela segurou, apertando a mão de Tina. E depois respondeu a pergunta da cuidadora, falando que tinha gostado de Tina. Já com certo tempo ali, e com companheiros que souberam lidar com a situação e que me passaram segurança, eu apenas fiquei, ficamos, mudos... só havia presença. Parecia que naquele momento éramos apenas nós mesmos. Nos "despimos" das máscaras, dos jogos, daquela energia lúdica, mas continuávamos com compaixão. A mão de D. Maria não queria soltar a minha e isso me marcou, o olhar me marcou, a voz sussurrada com aquela única palavra - "gostei" - me marcou. Eu fiquei sem reação. Com ajuda dos meus companheiros, resgatamos a energia e continuamos nosso passeio e encontramos tantas figuras, que minha capacidade de memorização não permite citar todos os nomes. A cuidadora de tantas pessoas, a senhora que "povoou" uma cidade com seus 50 e poucos netos e 72 bisnetos, Simone que cantou para todos e que elevou o astral do quarto, o paparazzi de Uáuá, seu Emanuel que tinha uma olhar gentil de vô e uma risada desdentada mas não menos bonita de se ver e de se contagiar com ela. Nossa! Quantas surpresas boas, quantas selfies tiradas. Ainda com uma sombra amarela no olho e um pouco extasiada, saí de lá me sentindo acolhida e importante por ter feito algo que do "lado de cá", não consigo dimensionar o que seria, mas quem está do "lado de lá", transmite gratidão. Saí de lá  pensando no grande passo que foi dado no "mapa" que quero seguir!


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